O despedimento dos 180 trabalhadores da fábrica da COFACO no Pico caiu que nem uma bomba para as pretensões de crescimento da economia local e regional. Esta unidade fabril que representa entre 3% a 4% de postos trabalhos diretos e aproximadamente 5% a 6% de postos de trabalho indiretos da Ilha, decidiu por “fim” à sua atividade pelo período de 2 anos, período esse que necessita para saber se irão ter acesso aos fundos comunitários para a construção da “nova” unidade fabril que se estima que comece em Abril deste mesmo ano.


Na realidade, esta “reestruturação” da dona do “Bom Petisco” já é antiga, e nesse sentido, procedemos a uma recolha das notícias mais polémicas da COFACO dos últimos dez anos.


 ========== 2007 ==========

12-10-2007 

In Diário Noticias
«Cerca de 200 trabalhadoras da Cofaco manifestaram-se hoje à porta da fábrica de conservas de peixe da ilha de São Miguel, contra a posição "intransigente" da administração na negociação da revisão dos acordos da empresa. (…) Exibindo cartazes à entrada da fábrica da vila de Rabo de Peixe (…) para que lhes seja "garantida a progressão na sua carreira profissional (…) A Cofaco emprega nos Açores cerca de 600 trabalhadores, a maioria mulheres, distribuídos pelas três fábricas de São Miguel, Pico e Faial, que hoje iniciaram uma greve de quatro dias, face à posição "intransigente da administração nas negociações dos dois acordos de empresa”. (…) "Esta é uma greve e manifestação da mais elementar justiça", afirmou Vítor Silva aos jornalistas, admitindo a hipótese de se realizarem novas paralisações e o recurso aos tribunais, caso a administração da Cofaco não demonstre disponibilidade em negociar e em encontrar soluções para os problemas laborais.(…) A administração da Cofaco já considerou "despropositada, injusta e imerecida" a greve convocada por dois sindicatos. (…) a administração adiantou que este ano "os ordenados foram aumentados, muito acima das revisões salariais da função pública, que se situaram nos dois por cento" (…) garante que o subsídio de alimentação pago aos funcionários é superior ao praticado pelas suas congéneres do Continente. (…) De acordo com o dirigente sindical Vítor Silva, na fábrica de Rabo de Peixe a paralisação situa-se nos 97 por cento, no Pico nos 87 por cento e no Faial nos 65 por cento.»


========== 2010 ==========

05-01-2010 

In Rádio Pico
«O Grupo Cofaco prepara-se para redimensionar e modernizar toda a capacidade de produção instalada na Região, tendo previsto investir cerca de 25 milhões de euros. (…) Esta modernização, cujo arranque está previsto para o corrente ano, inclui investimentos em instalações e em equipamentos e, no próximo mês de Março, a transferência da capacidade produtiva instalada na unidade fabril da Horta (Faial) para a fábrica da Madalena (Pico), onde concentrará as linhas de limpeza de lombos de atum, garantindo, dessa forma, a continuidade dos actuais postos de trabalho, que deslocaliza, e a manutenção da capacidade produtiva instalada na Região.

O Grupo Cofaco continuará a fabricar as suas conservas de atum, nas duas unidades Açorianas, de Rabo de Peixe (São Miguel) e da Madalena (Pico) (…) todos os postos de trabalho, a deslocalizar da Horta (Faial) para a Madalena (Pico), serão mantidos pela Cofaco (…)»

28-02-2010

In Diário Noticias:
«A Cofaco vai deslocalizar a sua fábrica de conservas do Faial para a ilha do Pico. E admite a possibilidade de recrutar novas trabalhadoras, caso as quatro dezenas de operárias recusem deslocar-se diariamente de barco para a nova unidade fabril () A mudança visa concentrar, nas mesmas instalações, os processos de limpeza do peixe (existentes no Faial) e produção de conservas (existentes no Pico).(


========== 2011 ==========

27-07-2011

In RTP Açores
«A nova fábrica da Cofaco na ilha do Pico pode vir a ser construída em S. Roque, abandonando a atual localização na Madalena. (…) a câmara municipal de S. Roque já disponibilizou os terrenos necessários à construção da nova unidade fabril (…) o presidente da câmara da Madalena, José António Soares, disse que ainda nada está decidido. (…) O governo regional já anunciou que a nova fábrica da Cofaco na ilha do Pico vai mesmo avançar e que terá um apoio de 75 por cento a fundo perdido. (…)»

08-11-2011

In Correio dos Açores
«O grupo de investidores angolanos detentores do Jornal Sol e que têm um acordo para a compra dos jornais pertencentes a Joaquim Oliveira entre os quais se inclui o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Açoriano Oriental e a rádio TSF, acabam de firmar o negócio de aquisição de 80% do capital que o Grupo Machado detinha na Cofaco (…) Este negócio da compra da ‘Cofaco’ pelo grupo empresarial angolano poderá ser uma lufada de ar fresco no negócio do atum nos Açores. Desde logo, o grupo empresarial angolano poderá ser, proximamente, a ponte para a frota atuneira açoriana pescar atum em Angola. (…) Por sua vez, o grupo empresarial angolano vai beneficiar directamente das potencialidades ecológicas da marca Açores nas conservas para poderem vender, valorizar o seu negócio em nichos especiais do mercado internacional, designadamente nos Estados Unidos da América e em Itália, além de Espanha e mesmo na França.»


========== 2012 ==========

26-05-2012

In Correio da Manha – Economia
«Atum dos Açores para os cinco Continentes (…) A Cofaco – a dona do Bom Petisco – nasceu da fusão de duas conserveiras do Algarve, em 1961. Dois anos depois, devido à escassez de atum na costa algarvia, a empresa transferiu-se para os Açores e chegou a ter sete fábricas de conservas de peixe. Actualmente, concentrou as actividades em apenas duas fábricas – uma no Pico e outra em São Miguel – dedicadas em exclusivo à produção de conservas de atum. (…) 

14-02-2012

In RTP Açores
«Localização da nova fábrica da Cofaco decidida até ao final do ano (…) presidente do conselho de administração da Cofaco, Luís Tavares, à margem da sessão comemorativa dos 50 anos da indústria conserveira (…) promovida pela Câmara Municipal da Madalena (…) garante que a escolha será baseada apenas em critérios técnicos(…)»


========== 2015 ==========

26-08-2015

In Correio dos Açores
«Cofaco quer ampliar fábrica de Rabo de Peixe (…) A empresa COFACO tem um projecto para ampliar as suas instalações industriais situadas em Rabo de Peixe. Com tal projecto, o grupo conserveiro prevê criar entre 80 a 100 novos postos de trabalho, o que representa um importante contributo para a criação de emprego, (…) Para avançar com o projecto (…) pede à Câmara Municipal da Ribeira Grande que disponibilize a cedência de uma parcela de terreno, pertença da autarquia (…) sem esta cedência (…) ica inviabilizado o investimento que aquela unidade industrial pretende fazer em Rabo de Peixe, bem como a criação de cerca de uma centena de postos de trabalho para aquela zona. (…)»


========== 2017 ==========

26-04-2017

In RTP Açores
«Trabalhadores da Cofaco no Pico preocupados com manutenção dos postos de trabalho (…) O anúncio de que a fábrica da Cofaco, na Madalena, irá fechar para obras trouxe intranquilidade à maioria dos 180 funcionários. Os operários temem que este processo seja uma justificação para a fábrica não voltar a abrir portas (…) O Sindicato de trabalhadores de alimentação, bebidas e similares lamenta a falta de diálogo por parte da empresa e quer perceber qual será a situação laboral enquanto decorrem os trabalhos de reabilitação. (…) deve encerrar no final deste mês. A reabertura está prevista para o final do ano. (…)»

17-05-2017

In Diário Notícias
«BE/Açores teme deslocalização da conserveira Cofaco do Pico, Governo Regional nega (…) A concretizar-se a deslocalização, como desconfiamos que acontecerá, está a falar-se de um gravíssimo atentado à economia das ilhas do 'Triângulo' [Faial, Pico e São Jorge ] e ao desenvolvimento harmonioso da região, bem como de um enorme impacto económico e social, sobretudo na ilha do Pico", declarou Zuraida Soares, em conferência de imprensa, na Horta, ilha do Faial. (…)"nos últimos tempos", as trabalhadoras da fábrica da Madalena "têm assistido à deslocalização de alguns dos processos de produção" da área conserveira para outra unidade situada em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, "limitando e diminuindo" a fábrica do Pico. (…) "Desde a notícia do encerramento, para obras, que as trabalhadoras assistem ao desmantelamento dos equipamentos, por exemplo, portas de frigoríficos, ventiladores, entre outros, e ao seu embarque via marítima" () a Cofaco "tem sido, ao longo dos anos, subsidiada por dinheiros públicos, na ordem de vários milhões de euros", observando que se realizou, recentemente, um investimento na unidade de produção que a fábrica detém em Rabo de Peixe "subsidiado em oito milhões de euros". (…)»

08-06-2017

In Rádio Pico
«(…) PCP na ALRAA entregou um requerimento ao Governo Regional dos Açores para esclarecimentos sobre a inquietante situação de falta de informação sobre o futuro da fábrica da Cofaco no Pico. (…) PCP questionam o executivo para saber se tem o Governo Regional conhecimento se existe projeto para a construção da nova fábrica da Cofaco na ilha do Pico e quando vai entrar esse projeto na Câmara Municipal da Madalena para licenciamento, quando é que a fábrica da Cofaco vai deixar de laborar no Pico, qual a solução laboral que vai ser encontrada para esses trabalhadores durante o período das obras, se o governo pode garantir que não vão ocorrer despedimentos e se, pelo contrário, vão ser criados mais postos de trabalho, se a frota de barcos da empresa é para manter ou mesmo aumentar e se tem o Governo Regional conhecimento das intenções dos acionistas da Cofaco sobre o futuro da empresa, nomeadamente sobre a eventual transferência da produção para fora da Região. (…)»

14-07-2017

In Diário Noticias 
«Trabalhadores da fábrica da Cofaco, na ilha do Pico, nos Açores, concentraram-se hoje à porta da empresa exigindo respostas à administração da conserveira e do executivo açoriano sobre  o futuro da unidade fabril. (…) "Fala-se que vai ser construída uma fábrica. Fala-se que vai ser reabilitada. Fala-se muito, mas do ponto de vista prático não se passa nada e a situação arrasta-se há muito tempo” (…) Vítor Silva alertou que os trabalhadores vivem "um momento de incerteza e preocupação" devido "à falta de respostas da administração da Cofaco e do próprio Governo Regional”. (…) "Há uma preocupação geral dos trabalhadores, mas também da sociedade picoense e isto ficou bem demonstrado com a presença da população, quer do Pico, mas até muita gente do Faial tendo em conta o que se passou com a fábrica daquela ilha e as consequências que ainda hoje advêm do encerramento daquela empresa", apontou. (…)»


========== 2018 ==========

09-01-2018

In Público
«(…) Cofaco despede mais de 180 trabalhadores na Madalena do Pico (…) Conserveira decidiu abandonar produção na ilha açoriana até ter nova fábrica. Trabalhadores, na maioria mulheres, não foram avisados antes do Natal. (…) o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Gui Menezes, confirmou estar a acompanhar a situação na empresa, embora tenha indicado que em causa estão 167 trabalhadores e não 180. (…) De acordo com Sérgio Gonçalves (…) todos seriam despedidos com direito a "indemnização e fundo de desemprego” (…) e vamos todos para casa com uma promessa verbal de que quando a obra estiver concluída, entre 18 meses e dois anos, nos chamariam de novo para vir trabalhar. Ficamos na expectativa. (…) A conserveira está sem laborar desde o dia 14 de Dezembro de 2017, altura em que os trabalhadores - na sua maioria mulheres - foram "para as férias do Natal" e sem qualquer informação acerca de qual seria a solução para a sua situação.»

10-01-2018

In Rádio Pico
«Candidatura da empresa Cofaco a apoios Comunitários deu entrada a 20 de Dezembro de 2018 (…) O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia adiantou que a candidatura da empresa COFACO a apoios comunitários para a construção de uma nova unidade fabril no Pico deu entrada a 20 de dezembro de 2017, afastando a hipótese de deslocalização. (…) a Secretaria Regional que dirige, “está em condições de avaliar o projeto”, acrescentando que essa avaliação será feita “o mais rapidamente possível", para que a fábrica "possa ser reconstruída e possa iniciar a laboração novamente”. (…) “os serviços competentes em matéria de trabalho, como a Inspeção Regional do Trabalho e a Direção Regional do Emprego, irão acompanhar os trabalhadores em tudo aquilo que for necessário”. (…) O projeto apresentado, no valor de cerca de seis milhões de euros, “faz parte de uma alteração estratégica que a empresa quer ter nos Açores para se tornar mais competitiva” »

In Expresso
«A empresa açoriana proprietária da Bom Petisco assegurou esta quarta-feira ao secretário regional do Mar que vai readmitir “a grande maioria” dos 180 trabalhadores assim que a nova fábrica estiver a funcionar (…) mas não precisou o número de readmissões em causa. (…) O secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia realçou que "não se trata de uma empresa falida”. (…) "Isto não é um despedimento coletivo de uma empresa que faliu. Não é um despedimento coletivo porque há um momento de transição para outra empresa. É uma unidade fabril que vai ser construída no mesmo local e tinha que haver aqui uma solução e foi esta que se encontrou", sustentou. (…) »

In esquerda.net
«É inaceitável que a Cofaco continue a receber apoios públicos depois do despedimento coletivo (…) A Cofaco tem recebido, ao longo dos anos, milhões de euros de apoios públicos, direta e indiretamente. A este apoio público, com o dinheiro de todos os açorianos e açorianas, a empresa responde com um despedimento coletivo que vai afetar 180 pessoas, e que terá um enorme impacto social e económico na ilha do Pico. (…) O Bloco alertou várias vezes ao longo do último ano para o possível encerramento eminente da fábrica da Cofaco no Pico. (…) Quanto à promessa, feita pela empresa, de contratar os mesmos trabalhadores aquando da conclusão da fábrica que vai ser construída no Pico, e que – de acordo com a empresa - estará pronta apenas dentro de aproximadamente dois anos, o Bloco considera que é mais uma tentativa de atirar areia para os olhos dos trabalhadores, uma vez que não há sequer qualquer garantia de que a nova fábrica será efetivamente construída. (…) »

12-01-2018
In Sapo24
«Governo dos Açores “não se pode substituir” à Cofaco (…) na solução para os 180 trabalhadores despedidos na fábrica da Madalena do Pico. (…) O Governo Regional não recusa a essa empresa nenhuma das ferramentas que tem neste momento disponíveis (…) Estamos a falar de uma situação de uma empresa que interrompe o seu período de funcionamento assumindo o compromisso de voltar a contratar esses trabalhadores (...). Compreendo que isso não acalme, não diminua a ansiedade de quem se vê nessa situação, mas nesta prioridade de acautelar rendimento, as pessoas têm direito à sua indemnização, têm direito também ao apoio do fundo de desemprego, essa questão de rendimento está no fundo a ser acautelada e tratada neste âmbito” (…) »


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