A culpa morre sempre sozinha

O cansaço com que leio as constantes notícias sobre a matéria fiscal do país são no mínimo irritantes. A paciência esgota-se a cada novo artigo. Já todos sabemos, e a sua maioria já o sentiu e sente a excessiva carga fiscal imposta aos contribuintes, quer particulares quer coletivos, e não é de agora, é de um passado que já tem uma história demasiado enraizada para ser recente!
A austeridade é já tema constante nas mesas públicas, é tema de conversa nos cafés, nas ruas e até nas escolas, crianças que ainda nem sequer sabem o significado do dinheiro já sabem definir corretamente o conceito da austeridade.

O tempo de antena dado ao Ministro da Economia Pires de Lima para dizer o que repetidamente tem sido dito pelo circulo de governação, é no mínimo dos mínimos, desnecessário. O seu discurso "de que não há nada a fazer exceto o que está a ser feito", referindo-se aos excessivos níveis de carga fiscal atingidos, é claramente descabido e imprudente, demonstrando uma "navegação às escuras" numa matéria tão frágil como esta. Haverá sempre algo a fazer para além do que se tem feito e, no nosso caso, ainda temos muito caminho a percorrer e muita coisa para se fazer.
A preocupação tida em torno da "burocracia à criação de riqueza" é definitivamente algo que não se compreende por quem toma decisões como as que têm sido tomadas. As medidas que têm sido adotadas têm tido os seus efeitos tal como esperado. As grandes empresas têm obtido resultados superiores aos resultados passados, (à excepção dos bancos, que mesmo assim têm sido salvaguardadas e beneficiadas com medidas puramente especulativas (COCO's e atualmente a nova lei dos DTA's - que permitirá no conjunto dos maiores bancos obterem um impacto positivo acima dos 2 mil milhões de euros)) e as PME's que têm sido altamente prejudicadas no que concerne às suas necessidades.
O ministro rejeita novos aumentos de impostos, mas mesmo assim considera-os um mal necessário. Assume uma postura que se perpétua no tempo do Pôncio Pilatos <Eu lavo as minhas mãos> e que tem sido cegamente seguida pelos mais variados governantes, políticos e comentadores económicos ou não fosse a culpa morrer sempre sozinha!


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