Quando os serviços de utilidade pública esquecem a utilidade pública!

Hoje falo-vos de dois episódios que considero, apesar de não diretamente ligados com a economia, estarem ligados à questão social da vida de todos nós!

1º. TAP e SATA

A TAP decretou o “encerramento” dos voos programados para as ilhas do FAIAL e do PICO ficando a SATA responsável por assegurar esses serviços. Instalou-se o segundo monopólio nos transportes do grupo central! (A Transmaçor nos transportes marítimos e a Sata nos transportes aéreos) Sem concorrência, a Sata já não tem nada a temer, os voos pelo Pico mantêm-se com escala pela Terceira e o Faial pode mesmo a vir a perder voos diretos, em suma, todos os habitantes do grupo central perdem e ganham os habitantes de São Miguel que passarão a ter voos diretos diários para Lisboa (segundo informação existente no site da TAP).
A discordância está instalada e é assim que interessa a quem decide. O Pico porque acredita que tem condições para ter voos diretos (e que eu acredito plenamente que sim) e o Faial porque não quer recuar nas condições que possui atualmente. Quem ganha com esta puxa-puxa? Novamente a Sata! Se não existir “acordo” entre as ilhas, os habitantes e os utilizadores, ninguém ganha! Todos querem tudo e de preferência mesmo ao lado de casa, mas, isso nem sempre é possível (aliás, é na maioria da vezes impossível).

Solução, «Divida-se o mal pelas aldeias»!

Se os voos diretos fossem assegurados nas duas ilhas (de forma repartida) todos ganhavam. (i) ganhavam os habitantes do Pico e do Faial porque tinham um maior leque de oferta de voos; (ii) ganhavam os comerciantes de ambas as ilhas (táxis, restauração, hotéis, entre outros) pois o trabalho seria repartido mas seria acrescido de mais dias da semana; (iii) ganhava o setor do Turismo com uma maior oferta, (iv) ganhava a Transmaçor com o aumento do número de passageiros nas viagens do canal e (v) ganhava a própria SATA pois garantia uma maior fidelização do mercado, ou seja, ganhava a economia no seu todo!
Se o caminho adotado for o caminho da guerrilha em vez da cooperação entre o Faial e o Pico, ninguém sai vencedor, aliás, saímos todos vencidos!


2º. Transmaçor

A Transmaçor, uma empresa sobre a qual o Governo Regional detém 88,37% (o que faz com que seja 88,37% dos contribuintes) e que é a ÚNICA possibilidade de deslocação entre Faial e Pico, deveria rever os seus estatutos, pois afinal os passageiros com menos de 4 anos têm de pagar bilhete se tiverem bagagem… Estranho? Estranho é o facto de me ter sido solicitado um valor de 3,60€ (custo superior ao valor de um bilhete de adulto) pela bagagem de uma criança com 2 anos. Situação que, após muita insistência, se resolveu com a compra de um bilhete de criança (para idades dos 4 aos 14anos) no valor de 1,70€. A reclamação foi imediatamente feita, a estranheza maior surge com a resposta da Transmaçor que transcrevo: 

«Efetivamente, a política de transporte da Transmaçor determina que as crianças com idade inferior a quatro anos possam viajar sem o pagamento de qualquer tarifa. Nesse sentido, determinou-se que, não sendo passageiros pagantes, as crianças nestas condições não têm direito a franquia de bagagens. Graças à sua oportuna chamada de atenção, verificámos que esta situação não vem devidamente esclarecida nas Condições Gerais de Transporte. Apresentamos por isso, as nossas desculpas e informamos que as mesmas serão revistas de modo a tornar esta situação mais clara.»

Ou seja, as crianças para não pagarem os custos de transporte são descriminadas nos seus direitos, sendo por isso, um possível transtorno e/ou empecilho à companhia de transportes Transmaçor. Esta é a política de serviço de uma empresa que sobrevive com erário público, de uma empresa que possui um monopólio de serviço de transportes, e se não olharmos com verdadeiros olhos de ver os simples problemas existentes no quotidiano, continuarão a existir ilegalidades como estas sem que ninguém seja realmente culpado. Continuar-se-ão a vender bilhetes a crianças com menos de 4 anos para que estas possam viajar com bagagem e continuar-se-ão a cobrar custos de bagagem a crianças que não pagam bilhete só porque “assim o entendem” quando na verdade é explícito nas condições gerais de utilização do serviço da Transmaçor que O PASSAGEIRO tem lugar a dois volumes de bagagem (sem descriminar se o passageiro é pagante ou não pagante).

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