Nem tanto ao mar nem tanto à terra

Na passada semana, os passageiros da travessia Horta – Madalena – Horta,  devido às intempéries climatéricas, foram alvo das mais controvérsias experiências. Por um lado, foram presenteados com uma pro-atividade positiva demonstrada pelas atitudes de uma empresa que mostrou atenção para com os seus passageiros frequentes. A prática adoptada pela Transmaçor, agora Atlânticoline, no envio de mensagens escritas (sms) em “tempo real” das decisões de cancelamento das viagens, demonstraram um sinónimo de preocupação e de interesse que não era visível anteriormente.  Por outro lado, a viagem realizada até às Ribeiras, quer se queira quer não se queira, para quem faz a viagem todos os dias e que acabou por dormir no Faial de segunda-feira para terça-feira, foi uma lufada de ar fresco, e apesar das mais de duas horas de viagem, esta travessia foi mesmo a melhor alternativa para quem se viu negado de vir dormir a casa por questões a que é alheio! Por mais que se critique, por mais que se queira fazer pouco da situação, a verdade é inegável e ficou à vista de todos, o que para muitos foi uma verdadeira afronta, para outros, a viagem foi mesmo uma prenda antes do “pão por Deus” principalmente, para todos aqueles que fizeram a viagem!



Como nunca pode ser tudo perfeito, a verdade é que com o cancelamento das viagens, surgiram situações a que não podemos ficar alheios. Com o cancelamento da viagem das 17h15m de segunda-feira, foram muitos os passageiros que ficaram retidos no Faial. Infelizmente, aquele sentimento de preocupação que referi anteriormente, neste caso, acabou mesmo por desvanecer! No dia seguinte, já os rumores corriam tocando no ponto mais sensível de todo este enredo, o casal que dormiu à porta da gare marítima por não ter onde ficar! É certo que existe uma cláusula, tanto nos passes como nos bilhetes individuais, que afirma que a Atlânticoline não é responsável pelo cancelamento das viagens, e é também verdade que a segurança da viagem está à frente de qualquer outra situação, contudo, existem mínimos que deveriam ser salvaguardados. A deslocação para o Faial não é só uma questão turística, muitos dos passageiros efetuam essa travessia para ganhar o seu salário, outros viajam porque o único hospital é situado no Faial e para determinadas consultas ou exames são forçados a ter que a fazer. Uma situação tal como a que aconteceu por duas vezes esta semana, não pode ser demasiado simplificada,  pois corre-se o risco de vir a acontecer o que aconteceu. No mínimo, o exigível seria que em situações destas, pelo menos fossem autorizados os seus passageiros a permanecer nas instalações da gare,  disponibilizando um espaço protegido e com acesso às condições mínimas de higiene (wc) a quem quisesse lá pernoitar. Uma sandes e uma bebida para quem não tem disponibilidade financeira também não era nada do outro mundo e seria certamente uma atitude de se louvar!

Mas, o ponto chave desta semana foi mesmo a viagem às Ribeiras como alternativa ao porto da Madalena. Esta viagem, veio apenas dar mais força ao meu pensamento sobre a necessidade da existência de um porto alternativo. Um porto que permita suprir as deficiências já mais que identificadas de um porto que custou cerca de 9 milhões de euros mas que devido às sua infraestruturas se prevê que em invernos rigorosos (como o que se avizinha) seja o causador do cancelamento de mais viagens do que anteriormente aconteceria! Em jeito irónico, mas sem qualquer piada, estamos perante mais uma verdadeira obra prima de investimento através de dinheiros público que acabam por não trazer nenhuma mais-valia a quem a paga, ou seja, todos nós!

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