Votos de Fim de Ano!

Já se passou mais um natal e como sempre mais um ano se avizinha  na esperança que seja um ano muito melhor que o ano que agora termina.

Infelizmente, neste final de ano, fomos testemunhas das maiores atrocidades de que eu tenho memória. Este ano, foi o culminar de quatro anos inteiros de autênticos crimes contra o nosso Estado Social. Este ano, foi o terminar com os quatro anos de sistemáticos roubos de dignidade impostos a todos os portugueses. Fomos confrontados com “imprescindíveis” medidas de austeridade que supostamente nos aumentaram a nossa qualidade de vida, medidas que nos tornaram mais e melhores cidadãos! Mas a que custo?

Reduziram-se os orçamentos na educação, na segurança social e na saúde. Vangloriámo-nos com isso e fomos inclusive apelidados de “bons alunos” e recebemos diversas criticas positivas por parte da Alemanha, da Troika e do FMI. Mas a que custo?

Num espaço de quinze dias, conseguimos perceber que no próximo ano cada um nós cidadãos iremos disponibilizar cerca de 1.000 euros para “compensar” a crise instalada no BANIF (agora Santander). Percebemos que nós cidadãos, disponibilizámos mais de oito mil milhões de euros para suportar “bancos falidos” e soubemos que nós cidadãos deixámos de ter uma assistência médica de que nos possamos orgulhar (...)

Pior, foi ficarmos a saber que um jovem de 29 anos morreu num hospital público por ficar à espera, durante três dias, por uma cirurgia urgente que nunca chegou a acontecer por falta de médicos de prevenção! Uma situação no mínimo impossível de aceitar no século XXI, e ainda para mais, quando nos justificam que a “prevenção da Neurocirurgia-Vascular” está suspensa há vários meses por questões relacionadas com os valores de pagamento propostos aos médicos! Ficámos a saber que as prevenções são de regime voluntário e que face às alterações dos regimes remuneratórios os médicos recusaram-se a fazer “prevenções” por não aceitarem os valores agora propostos!

A questão que se coloca é, a quem imputamos a culpa?

Aos quatro anos de sucessivos cortes “nas gorduras” do Estado, nas sistemáticas políticas de transformação dos hospitais públicos em serviços EPE (Entidades Públicas Empresarias), ao novo modelo de contratação de médicos em regime de prestadores externos, aos valores agora propostos de remuneração de prevenção, à ordem dos médicos ou aos médicos que não aceitaram trabalhar ao valor da remuneração atualmente proposta?

No fundo, e independentemente de quem é a culpa, o que sabemos é que infelizmente um jovem pagou com a sua própria vida o facto de olharmos para os pilares da sociedade moderna como modelos sociais sem interesse económico!

No fundo, estamos perante um facto que para mim é impensável, o conceito de que três bancos (BPN, BES e BANIF) valem mais do que a saúde da população portuguesa.

Quanto custaria a “prevenção médica de Neurocirurgia-Vascular” aos cofres do Estado para que as quebras das negociações permitissem o cancelamento do serviço de urgência?

Poderiam os oito mil milhões que foram investidos na “banca falida” ter sido investidos na saúde evitando este terrível episódio na história da nossa sociedade?

Hoje surgem-nos as mais diversas questões, as mais diversas dúvidas e todas elas de maior importância.

Mas tal como comecei, estamos à porta de um novo ano, e em modo de tradição os meus votos são aqueles que sempre desejei, Paz, Saúde e Trabalho, não só para mim mas também para todos aqueles a quem eu quero bem. E mais do que nunca, esses votos hoje fazem todo o sentido!



As minhas condolências à família do jovem David Duarte, bem como um pedido de desculpas por não termos sido capazes de ter terminado com estas políticas de austeridade a tempo de o podermos ter salvo!

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