A sério?

Realmente não podia acabar de outra forma, dificilmente alguém irá sentir a sua falta mas, terminar o seu mandato com tamanha  estupidez é algo só ao nível de Aníbal Cavaco Silva!

Já se perspetivava que dificilmente o próximo Presidente da República conseguisse ser pior que o atual, mas, não fosse o diabo tece-las, eis que Aníbal Cavaco Silva cimenta a sua posição de pior Presidente da República de toda a história da democracia portuguesa.

Aníbal Cavaco Silva foi talvez o Presidente da República com a menor visão possível do nosso presente e do nosso futuro (mesmo estando mais tempo no poder do que supostos ditadores, Hugo Chávez esteve 14 anos no poder e Aníbal Cavaco Silva encontra-se na esfera política desde o 25 de Abril de 1974) . Ambos os seus mandatos foram “presos” a uma visão ultrapassada e fixa num passado que já não fazia qualquer sentido. Nunca conseguiu separar verdadeiramente a sua opinião de homem individual da sua obrigação de Presidente da República, e esta semana, Aníbal Cavaco Silva comportou-se como o menino das festas de aniversário que faz de tudo para ser o centro das atenções. Quando Marcelo Rebelo de Sousa se preparava para sair à rua como o verdadeiro vencedor das eleições do fim-de-semana passado, eis que o “velho” menino birrento sai-se com o seu ultimo desejo de “verdadeiro macho latino” e veta as duas últimas decisões mais democráticas que foram dadas aos portugueses, a lei do aborto e a lei da adopção de crianças por casais gays. Aníbal Cavaco Silva consegue assim sair como sempre governou, de uma forma completamente incoerente e anacrónica, conseguindo passar o ónus da questão para o novo Presidente que, aliás já se havia declarado como um verdadeiro adepto destas duas medidas.

Marcelo Rebelo de Sousa vê-se agora com duas “batatas quentes” nas mãos, a de aceitar a sua condição de conservador e manter o veto tal como Aníbal Cavaco Silva o fez, ou de promulgar as medidas que deverão ser novamente apresentadas pela Assembleia da República e assim mostrar que ao contrário do seu antecessor, conseguiu evoluir e amadurecer a sua condição de Homem para melhor desempenhar a sua função de Presidente da República, ou tal como se autoproclamou,  a sua função de “Presidente de todos”.

Mas melhor ainda foi ver uma aproximação do PNR (Partido Nacional Renovador) às atuações do Presidente da República e com total defesa/concordância dos deputados do PSD, onde louvaram as medidas adoptadas no final do mandato do ainda Presidente da República por colocar em primeiro lugar os verdadeiros interesses das crianças e das mulheres. O PNR, apresentava mesmo fotografias acompanhadas com frases como “Todos as crianças precisam de uma Pai e de uma Mãe” e “Eu não fui vitima de aborto”.

Infelizmente, nem o PNR nem o PSD e muito menos o ainda atual Presidente da República, devem ter lido o último relatório da ONU onde afirmava existirem no mundo cerca de 150 milhões de “crianças de rua”. Só em Portugal, durante o ano de 2014 foram ao todo acompanhadas 71.500 crianças (abandonadas). Crianças que precisam de um lar, de crianças que precisam de carinho, afeto e acima de tudo amor, independentemente se esse amor provém de um pai e uma mãe, de duas mães ou mesmo de dois pais.


Aníbal Cavaco Silva consegue assim no final da sua legislatura presidencial sair com afirmação da imagem que todos tinham de si, de que no fundo, foi, é, e será, um agente político retrógrado e de índole antidemocrática.

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