«À mulher de César, não basta ser honesta. Tem de parecer honesta!»

Existem momentos em que devemos ponderar seriamente se devemos ou não dar o passo, principalmente, quando nos deparamos com opções que podem por em causa toda a nossa seriedade, profissionalismo e honestidade! Se a classe politica já se encontrava descredibilizada por falta de ética, onde constantemente são apelidados de “corruptos, gatunos e interesseiros” para não mencionar nomes menos pomposos, a opção da ex-ministra das finanças Maria Luís Albuquerque em aceitar uma posição de gestão na empresa Arrow Global (empresa que negociou com o Estado Português a compra de ativos do Banif aquando do seu mandato) é no mínimo uma verdadeira falta de “bom senso”Principalmente, quando essa mesma empresa lucrou substancialmente com o “arrastar” da decisão do Estado na resolução do Banif e que tantos milhões custou aos cofres portugueses.


Arrow Global já adiantou que “nunca” teve qualquer relação com a ex-ministra das finanças até à sua nomeação, referindo mesmo, que a própria nunca teve qualquer ligação ou envolvimento de transação comercial com qualquer das empresas Arrow Global ou Whitestar (adquirida em Abril de 2015). Esqueceu-se porém foi do facto da Whitestar ter adquirido em 2014 cerca de 300 Milhões de euros de crédito mal parado do Banif! Situação que serve mesmo para dizer que em vez de virem defender a ex-ministra das finanças mais-valia terem estado calados!

O PSD por seu lado, não se fez esperar e deu total voto de confiança à contratação da ex-ministra por parte da Arrow Global, um voto de confiança que se baseia na legitimidade legal da sua contratação, como que dizendo que uma vez que não incumpre a lei a ex-ministra não deve ser questionada! Mas do que se esquecem os elementos do PSD, principalmente o vice-presidente do PSD José Matos Correia, é que o que está em causa não é o facto de “beliscar” ou não beliscar” a lei portuguesa ao assinar um contrato de trabalho, mas sim, a ética envolvida nesse mesmo processo, ou melhor, as coincidências envolvidas nesse processo!

E ver José Matos Correia (vice-presidente do PSD)desculpar qualquer processo menos ético ou com total falta de “bom senso”, conforme descreveu a antiga presidente do PSD e ex-ministra das finanças Ferreira Leite, com processos menos éticos de outros partidos, demonstra uma irresponsabilidade social tremenda para quem apregoa que são a única alternativa viável e credível para o país! 

Assumir isso, é o mesmo que dizer que dois errados dão um certo, e isso, não é mudança e muito menos é sinónimo de credibilidade! 

A verdade é que quando nós pedimos transparência às restantes pessoas, devemos ter o cuidado de ser também nós transparentes em todas as nossas decisões, e é isso o que hoje se exige da contratação de Maria Luís Albuquerque pela empresa Arrow Global, total transparência no modelo e método de decisão e de seleção para o cargo de gestão que lhe foi proposto!

Porque a um(a) ex-ministro(a) das finanças, não basta ser honesto(a). Tem de parecer honesto(a)!

Comentários