É tudo uma questão de Educação!


Quem diria que uma mudança de cadeiras faria alterar tantas posições ideológicas. Ver deputados do PSD e do CDS a criticar fervorosamente as medidas aplicadas pela «Geringonça de Esquerda» sobre os cortes dos subsídios dados aos colégios privados, fez-me acreditar que realmente existe uma linha paranormal que separa as cadeiras dos deputados das cadeiras de governo e que altera a forma de pensar e de agir. Isso, ou simplesmente sofrem do verdadeiro caso de perda de memória seletiva, o que também não é mentira de todo!

O pior é que não falo isto de forma leviana, mas é que os mesmos deputados que hoje criticam estas medidas foram os mesmos que aplaudiram de pé quando o anterior governo liderado pelo PSD/CDS impôs o fecho de escolas em localidades com um número reduzido de crianças, obrigando-as a terem de se deslocar durante vários quilómetros até à localidade mais próxima para poderem usufruir de uma das obrigações do Estado, a educação!

Mas mais, os mesmos deputados não se coíbem de mostrar as garras e os dentes serrados defendendo que o Estado deve continuar a subsidiar colégios privados, nem que seja para que os seus professores não caiam no abismo da taxa de desemprego, o mesmo abismo, que durante quatro anos foi alimentado com o encerramento de serviços públicos e da aplicação de políticas que tanto incentivaram as entidades patronais a despedir funcionários, tais como as alterações às condições de despedimento sem justa causa, nomeadamente a diminuição da indemnização.

Mas vão ainda mais longe, e decidem que se não for pelo impacto social, então que seja pelo impacto legal. Defendem que é “crime” rasgar unilateralmente os contratos dos subsídios que foram assinados com essas escolas. Esquecem-se, porém, que não foi crime as práticas que promoveram durante 4 anos. Que não foi crime terem retirado vários subsídios aos contribuintes (singulares), de terem aplicado reduções sistemáticas dos apoios sociais, de terem aplicado taxas moderadoras em Centros de Saúde e Hospitais, de terem aplicado cortes nos subsídios de natal e de férias, de terem imposto limites para as deduções das despesas de Saúde, educação e habitação, entre tantas outras que foram sendo aplicadas de forma violenta e unilateral. Essas, para estes deputados, já não são crime e foram apenas, um mal menor!

 Mas o que mais me espanta, não é o facto da existência de escolas privadas, pois tal como qualquer outra atividade, estas têm o direito de existir no âmbito da gestão privada. O que mais me espanta, é o facto de um partido que tanta austeridade impôs, um partido que defendeu com unhas e dentes a eliminação das gorduras do estado sem olhar a quem nem a quê, venha agora falar que o Estado é obrigado a subsidiar (o que por si só é ilegal pela lei da concorrência), uma empresa que fornece um serviço igual ao fornecido pelo Estado.

Onde está então a coerência que tanto apregoam?

E não, não é por uma questão do direito de escolha dos contribuintes que o PSD e o CDS tanto a promovem, mas sim, porque esta medida é o primeiro passo para que o Estado possa novamente coexistir de uma forma correta e funcional com todos os seus cidadãos. Porque este, é o primeiro passo para a viragem do caminho que o PSD e o CDS desenharam para a total privatização dos serviços públicos, um caminho muito desejado pela frente neoliberal que tanto fez por destruir os serviços públicos nacionais! 

 

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