Mais vale tratar já que remediar depois!
Faz
hoje precisamente um ano que fui convidado pelo OLAE para falar sobre o impacto
das quotas leiteiras na economia açoriana, artigo que foi também publicado por
este jornal a 07/04/2015. Nesse artigo, referia a minha preocupação pelo peso
deste sector na economia regional, principalmente, pela “volumosa” produtividade
de leite que nos coloca como responsáveis por 1/3 da produção nacional e por
sermos também a região portuguesa com maior número produtores de leite.
Hoje,
tal como previ no passado artigo e face à liberalização do mercado leiteiro,
está em curso uma difícil subsistência por parte dos produtores de leite. O
preço por litro cai sistematicamente, os produtores criticam as cooperativas
que adquirem as suas produções, as associações de produtores “criticam” o
governo regional, o Governo Regional critica a Europa e no fim, a Europa
critica os produtores por não terem sabido aproveitar os subsídios recebidos!
Ou seja, a culpa é sempre do elemento mais frágil nesta cadeia!
De
modo a estancar o mercado, foi proposto aos seus associados por algumas
cooperativas de leite, uma quota máxima de produção igual à produção do ano
anterior, sob risco de quem não cumprir ver o preço do leite diminuir.
Quando
algo deste género acontece, aqueles que são “afetados” acabam por se aperceber
da real confusão que é o mercado liberal. Começam a querer uma legislação mais
apertada, um maior controlo do estado e até mesmo, que o Estado assuma uma
função reguladora de preços, permitindo aos produtores não venderem o leite abaixo
do preço de custo. Actualmente já grande percentagem (aproximadamente 90% dos
produtores de leite) vende o leite abaixo do seu preço de custo o que os coloca
em falência técnica e em risco de fecharam as suas explorações agrícolas, e
pior, sem qualquer solução real e coerente à vista!
O
preço do litro de leite nos Açores é acima do custo médio de produção europeia,
o que, acrescido aos deficientes e caros meios de transporte de mercadorias
existentes nos Açores os impossibilita de competir no mercado europeu.
Torna-se
assim, indispensável criar “consumidores internos”, e qual a melhor forma de
criar um consumo elevado de leite do que o aparecimento de novas empresas de
produção de lacticínios? No fundo, torcer-se-á o nariz só de pensar no exemplo
da Lactopico, mas, a verdade é que sem o aparecimento de novos consumidores o
mercado não vai dar a volta por cima, e os subsídios que agora se exigem não
são a solução!
O
investimento neste sector é necessário, e se existe dinheiro para investir, que
se invista! Mas que se invista com consciência e em projectos que possam a médio
longo prazo solidificar este sector económico. Agora, investir fundos públicos
não para solucionar mas para “esconder” actuais problemas, não obrigado!
Comentários
Enviar um comentário