Nem todas as leis têm de ser cumpridas!
Para
esta semana tinha um artigo completamente diferente, tinha um artigo em que ia
falar da dualidade de critérios e de análises das situações comentadas pela
Maria Luís Albuquerque sobre a intervenção do Governo na Banca(!?!). Contudo,
não podia deixar de comentar o tema abordado em assembleia regional sobre as
subvenções vitalícias que foram criadas em 1985 pelo Governo de bloco central
PS/PSD! Desde 1985 que em Portugal foram
concedidas cerca de 341 subvenções vitalícias que custam ao Estado cerca de
10.000.000 euros por ano. Dez milhões de euros que são canalizados dos nossos
impostos para pagar “um prémio” ou uma compensação por 8 ou 12 anos de anos de
serviço ao nível de cargos públicos e que pode ser recebida por membros do
Governo, deputados e juízes do Tribunal Constitucional, os mesmos juízes que
reverteram a suspensão que estava imposta desde Junho de 2005 quando o Eng.
José Sócrates era ainda Primeiro-Ministro e que mais tarde foi também
“recalculada” pelo Governo liderado pelo Ex-Primeiro Ministro Pedro Passos
Coelho.
Nos
Açores, segundo a Caixa Geral de Aposentações existem cerca de 50 antigos
deputados que voltarão a receber as subvenções vitalícias num valor total de 1
700 000 euros!
Infelizmente
para todos os contribuintes, o artigo 24º da Lei nº4/85, dá o direito de se
receber uma “compensação” por uma opção pessoal de cada um de nós. O Tribunal
Constitucional defendeu mesmo que o “rendimento
do agregado familiar dos ex-políticos não podem ser prejudicados por uma
atividade pessoal prestada.” E quer
se queira quer não, a lei é cega e transversal a todos os cidadãos, pelo menos,
pressupõem-se que assim seja!
Mas no
fundo, a Lei não é intemporal, as leis evoluem com o evoluir da sociedade.
Se
olharmos para a história portuguesa, em 24 de Fevereiro de 1869 era legalmente
previsto “possuir” escravos e logo no dia seguinte, a 25 de Fevereiro de 1869,
foi proclamada a abolição da escravatura em todo o império português (mesmo que
só em 1878 tivesse sido o ano do seu efetivo término).
O
mesmo se passa com “estas” Leis que em
nada dignificam a democracia e a igualdade de direitos, e que tendem a
“demonstrar” que existem pessoas com mais direitos que outras!
Não
consigo conceber, nem quero tão pouco entender, como pode um Governo exigir a
milhares da famílias sacrifícios quando no fundo não estão dispostos a ver as
suas “compensações” também elas sacrificadas!
Certamente que este não é o meu padrão de igualdade e espero que no
fundo não seja também o de muitos que tendem a ocupar lugares de decisão.
Mas,
quando ouvi as declarações de todos os deputados regionais, senti um verdadeiro
arrepio na espinha por se retratarem na integra no famoso episódio de Pôncio
Pilatos para com Jesus Cristo! O
problema, apesar de todas as leituras por parte do Tribunal Constitucional,
continua lá, impávido e sereno num verdadeiro e autentico roubo aos cofres
públicos e consequentemente aos contribuintes. E se na verdade é
inconstitucional a sua abolição, não deixa de ser também verdade que a sua
aceitação é apenas da responsabilidade do seu beneficiário.
A
política não é motivo de compensação, a política é uma opção pessoal de cada um
de nós e não deve por isso mesmo originar contrapartidas pessoais a quem as
desenvolve! Já chega de se esconderem atrás dos artigos de Lei que vos defendem
desde o 25 de Abril!
E,
enquanto a lei não favorece os contribuintes e se os atuais deputados querem
realmente mostrar que a classe política é séria e que são realmente contra as
subvenções vitalícias, então lanço um desafio, em Assembleia Regional e perante
todos os contribuintes RENUNCIEM ao vosso direito de receber a subvenção que
vos é devida!
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