Há Férias, Há Turismo, e depois há o Pico!
Desde que saiu a notícia sobre o
suposto empreendimento turístico que se pretende efetuar no concelho da
Madalena, o novo Hotel de quatro estrelas na areia larga junto à paisagem
protegida, que muito se tem falado sobre a sua “aprovação”. O empreendimento foi de tal ordem
“controverso” que centenas de pessoas (residentes e não residentes)
insurgiram-se nos sites sociais (facebook) contra o empreendimento,
criticando-o severamente sobre o impacto ambiental e paisagístico que o mesmo
poderia ter na ilha montanha. Foi de tal ordem, que levou mesmo a ser criada
uma Petição Pública para a “proteção” do Pico e do seu futuro intitulada de “A
Ilha do Pico não é para ser destruída” e que pode ser assinada em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT84248
.
O projeto é demasiado tentador, são cerca de seis milhões
de euros de investimento, oitenta e quatro quartos, cento e sessenta camas e
vários postos de trabalho a serem criados. Quem o projetou, afirma estarmos
perante um projeto que vem colmatar uma lacuna ao nível de hotelaria
tradicional, e isso é algo que me assusta! Não porque não haveria procura, mas
principalmente porque não pode ser esse o turismo que se quer instalar no Pico,
uma das sete maravilhas naturais de Portugal.
É certo, que o sector do turismo é hoje um dos principais
setores económicos da atualidade. Nos últimos cinquenta anos, o turismo tornou-se
num dos maiores casos de sucesso económico em Portugal. É já uma das mais
importantes parcelas do produto nacional (pib), contribui de forma
significativa para o equilíbrio da balança de pagamentos (exportações - importações),
para a criação de emprego, para a criação de novas infraestruturas e essencialmente
para o desenvolvimento regional. Mas para que estas “realidades” tenham um
impacto verdadeiramente positivo é essencial que o “tradicional modelo de
turismo” sofra também ele uma verdadeira revolução. Começa a ser necessário
analisar de forma exaustiva o planeamento e o ordenamento territorial do
turismo, a economia do ambiente e o turismo e a sustentabilidade do seu
desenvolvimento de modo a evitar "qualquer desvio". Uma má “aposta” no modelo que queremos usar no turismo
pode causar danos irreversíveis ao ambiente e impactos negativos nas culturas e
economias locais.
O modelo que hoje se fala para o Pico e que foi utilizado
para o desenvolvimento do turismo em Portugal nos últimos anos está esgotado! A
Madeira e o Algarve são exemplos disso mesmo. Estes dois destinos encontram-se
prisioneiros da “procura”, e parece quase impossível libertarem-se do chamado “turismo
de massas”, um turismo que serve quase apenas para satisfazer a tentativa de
manutenção de elevas taxas de ocupação hoteleira (essencialmente em época alta
e à custa de preços perto ou abaixo do limiar da rentabilidade) e que são
manifestamente agressores para o território e para o ambiente.
Torna-se imperativo que se estude um modelo alternativo
para o turismo no Pico, que se crie um modelo que distinga a predominância dos
nossos valores coletivos e que garanta a modernidade necessária para receber os
turistas. Temos de começar a focar os objetivos mais para a receita do turismo
do que para o número de dormidas, mais para o planeamento e ordenamento do
território do que na sua ocupação caótica, e mais na territorialização do
turismo do que na sua própria turistificação. É urgente que se olhe para a
possibilidade de implementar um novo modelo, um modelo que considere mais
importante aquilo que somos do que aquilo que temos. Um modelo que tenha como foco
a captação da “dream society”, um mercado motivado mais pela inteligência emocional
do que racional e que prefere viver não só novas experiências, mas
principalmente as emoções geradas pelas características do povo de acolhimento.
Só assim, poderemos ir ao
encontro do que foi estabelecido em 1995 na Carta para o Turismo Sustentável, que
de acordo com o artigo 1º afirma que “o
desenvolvimento do turismo deve basear-se em critérios de sustentabilidade, o
que significa que deve ser ecologicamente suportável a longo prazo, bem como economicamente
viável, e equitativo em termos éticos para as comunidades locais”.
É óbvio que investimentos de seis milhões de euros são sempre apetecíveis, mas importa agora, é saber conjugá-los com o meio envolvente, eliminando qualquer "poluição paisagística" que possa daí aparecer.
Já o disse e voltarei sempre que necessário a repetir, o
Pico é único, é de uma beleza incomparável e tem uma alma especial. O Pico é
algo que se sente, é algo que comunica connosco como se tivesse vida própria e
no fundo, o Pico não é um qualquer lugar de turismo que se deva massificar.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarConcordo plenamente. Os Açores não podem aderir ao turismo de massas sob pena de perderem o seu verdadeiro encanto e motivo de nos visitarem.
ResponderEliminarOra nem mais!
EliminarBoa tarde Patrícia, Obrigado pelo teu comentário.
EliminarÉ muito importante que consigamos manter o que temos de único e manter aquilo que nos torna diferente e que tantos turistas tem cativado. Tornar-nos "banais" é dar um tiro nos pés para o futuro do turismo do Pico.
Antonio freitas... mariense! residindo presentemente na cidade de Mississauga ontario canada.. ha trinta anos atraz andei envolvido na comunidade acoriana. Fundador da casa dos Acores na cidade de toronto. Nessa Altura era presidente o Dr. Mota amaral... pois foi convidado muitas vezes para partecipar nas nossas festas da casa, tambem ca veio com a comitiva, que estava a propagandar a zona franca na ilha de Santa Maria. TUdo nos era dito que estavam ao servico dos acorianos.Como tudo vida ha um principio e um fim, ecom a politica essa apenas muda na cor de resto passa ser sempre omemo. Apareceu o Amigo Carlos Cesar com um linguagem muito bonitna, o que deu para derrubar o PSD. Tambem foi convidado Pela direcao da casa dos acores, aonde eu tambem estva encerido, de la ate hoje apenas modou de residencia... os acores e os acorianos passaram foi a Imigrar,o desenvolvimento dos acores, tanto que ainda esta por fazer, mas pelos vistos nao aceitam as ideidas do acorianos que muito tem lutado pelo bem estar da suas gentes ,ca mesmo a distancia. Pois eu sou a Favor de se contruir esse Hotel na Vila da madalena , porque estou a trabalhar e a contactar , politicos que poderam a desenvolver a nossa ilha do Pico e de um modo mais informativo no conxcelho da Madalena... Vamos em frete, e deixarem de blequitices como neste momento esta acontecendo na europa e na vizibha America... Um forte abraco. Freitas
ResponderEliminarBoa tarde Sr. António Freitas, todos temos o direito à nossa opinião, uns são a favor outros são contra. Mas mais importante que ser a favor ou contra é esclarecer que, creio eu, ninguém é contra a instalação de unidades hoteleiras na ilha do Pico, muito pelo contrário, o que se pretende é que se construam espaços e infraestruturas adequadas à ilha e ao seu meio-ambiente.
EliminarUm bem haja e obrigado pelo seu comentário.