Quanto valem os nossos sonhos?
“Todos os Homens têm um preço, o segredo está em nunca aceitarmos menos
do que o dobro daquilo que valemos”.

Desde que ouvi esta frase, que a sua essência tem me seguido pelas várias fases da minha vida. Raciocina-la serviu como que uma ancora que me foi mantendo fiel aos meus princípios, que me foi mantendo fiel às minhas orientações. Pensá-la, fez-me manter seguro naquilo em que acredito, e mesmo que para muitos seja a implacabilidade da inocência, a verdade, é que são essas ideias retóricas que me vão fazendo lutar todos os dias.
Acordar com a sensação que não
posso fazer nada para além do que me é permitido, é para mim, na minha mais
profunda inocência, a aceitação de eutanásia à minha consciência, é como um passar de
um atestado de óbito à minha essência. E não, não me revejo nessa posição, no
fundo eu preciso de mais…
Mudar o mundo? Porque não? Porque
não seremos nós capazes de mudar o mundo? Só terei a certeza que não o mudarei
se aceitar baixar os braços e deixar que a “agonia” do quotidiano simplista me
comande, mas até lá, continuo a tentar. O mais certo é até nem conseguir, mas
se na minha tentativa de mudar o mundo conseguir apenas mostrar à minha filha
que todos, sem exceção, somos parte integrante de uma só unidade, e que ela tem
todo o direito de ser aquilo que ela sonhar desde que trabalhe para o ser,
então, o meu esforço terá sido amplamente recompensado.
É do sonho que as grandes obras
nascem. É do sonho que os homens se imortalizam na história das civilizações. É
dos sonhos que o mundo evolui e, só pode ser do sonho que os passos da mudança
começam a ser dados.
“Eles não sabem nem sonham, que o
sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança,
como uma bola colorida, entre as mãos de uma criança.”
Disse-o em 1956 António Gedeão através da sua,
tão nossa Pedra Filosofal. Disse-o 18 anos antes de sequer ousarmos falar em
liberdade, disse-o antes que alguém ousasse sequer em pensá-lo. Mas disse-o,
escreveu-o e perpetuou-o no tempo da história que todos nós hoje presenciamos.
Disse-o numa época cinzenta, num período conturbado de vidas amargas, num
período de silêncios impostos aos livres pensamentos.
E hoje, volvidos 61 anos da sua
criação, volta a essência deste poema a fazer parte das nossas vidas porque nós
só podemos ser verdadeiramente aquilo que nós sonhamos.
Por isso, quanto valem os nossos
sonhos?
Qual o seu valor para que
possamos abdicar deles de modo a nos integrarmos socialmente na nossa
sociedade, de modo a agradarmos aos olhos que não vêm o mesmo que nós olhamos?
De modo a abdicarmos de sermos nós próprios?
Que mal tem em sermos sonhadores,
em termos a irreverencia da idade? Que mal tem o sentimento revolucionário que
nos acompanha e que muitos não compreendem o seu sentido? Que dimensões podem
ter os nossos sonhos para que causem tanto “transtorno” ao ponto de os quererem
ocultar, de quererem silenciar todos aqueles que ainda sonham?
E mesmo que nos amordacem, mesmo
que nos queiram impossibilitar de sonhar, o sonho continua a ser o nosso bem
mais valioso, porque foi e é dele, que hoje os Homens nascem livres!
Por que quem diria que de um
cravo nasceria a liberdade?
“Eles
não sabem que o sonho, é uma constante da vida, tão concreta e definida, como
outra coisa qualquer (…)”
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