Aeroporto do Pico: A vitória da Petição.


Existem milhares de maneiras de interpretar “discursos”, mas existem ainda mais maneiras de se escreverem notícias, e no final, as várias interpretações acabam por ser escritas à vontade de cada freguês. Isso, foi o que aconteceu com a petição criada pelo Ivo Sousa, Luís Ferreira e pelo Bruno Rodrigues para o aumento das condições de operacionalidade do aeroporto da ilha do Pico. Até aqui nada de novo, ou não fossem as vozes da desgraça ou os arautos da miséria que após a declaração do Presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, saíram à rua como que vitoriosos pela expressão “não estão previstas quaisquer intervenções ou investimentos quanto à ampliação da pista do aeroporto do Pico”.


Jornais como o Diário de Noticias, o Dinheiro Vivo, a Rádio Faial (versão online) e até mesmo o Ilha Maior (quem diria), crucificaram no imediato o que de louvor se fez no Pico, e em letras garrafais escreveram, “Governo dos Açores rejeita ampliação da pista do aeroporto do Pico”. Talvez esta tivesse sido a forma mais prática de se criar uma notícia sensacionalista, mas a meu ver, falharam redondamente na análise do propósito da petição e menosprezaram o que se fez de único num processo de evolução da ilha do Pico.

Esta petição, criada por três jovens, fez com que os três concelhos se unissem e com que (mesmo que por poucas horas) deixassem de existir partidos políticos opositores. No fundo, estavam todos, em conjunto e sem exceção, a representarem as vozes da maioria dos habitantes do Pico, e como é óbvio, a representarem também a minha voz. Estavam todos como que em uma só voz a dizer que o Pico tem voz ativa, que respira e que se não “complicarem”, que tem condições para mais, muito mais!

Mas essa leitura ninguém a fez, preferiram assumir a tradução do “não estão previstas” para o “rejeita”, quando na verdade é na “expressão não estão previstas” que a vitória começa. É que todos nós já sabíamos que não “estavam previstos” investimentos dessa natureza para o aeroporto do Pico, o que se pretendia, e foi o que aconteceu, foi que pelo menos o aeroporto do Pico passasse a ser tema de discussão em sede própria, pelos vários deputados, e por quem tem a capacidade de “orçamentar” os investimentos públicos da Região. Uma discussão que terá por base números concretos e estudos efetuados por cidadãos preocupados com a igualdade de oportunidades para todas as ilhas.

No fundo, o que aconteceu foi mágico, foi um trabalho excepcional pelo movimento de cidadãos do Pico, a favor do Pico e para o Pico. Um movimento que fez “estremecer” certos pilares que se encontram “instituídos”, mas principalmente com que certos papeis se invertessem.

Não foi a petição do Pico que fez com que a petição “pelo aumento da pista do aeroporto da horta” (um movimento que também ele é de louvar e de salutar) não tivesse o mesmo impacto social. Essa diferença de impactos deverá ser analisada por quem de direito, mas sem desculpas e de preferência sem “responsabilizar” a ilha vizinha pelas diferentes formas de atuação e pelos diferentes “resultados”.

Pois no fundo, todos nós (espero eu), picarotos e faialenses, querem é que seja prestado o melhor serviço de transporte aéreo possível, mas principalmente, que seja possível para todos e sem exceções.

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