Do «Deus, Pátria e Família» à atual Democracia. "Parte 3 de 3 – A intervenção política na nossa democracia."
Durante cerca de 48 anos os portugueses foram
“amordaçados” pelas três pedras basilares do Regime Autoritário de Salazar. A
conjugação do “Deus, Pátria e Família” que durante anos foi atribuída a António
de Oliveira Salazar, na verdade foi proferida pela primeira vez por Afonso Pena
o 6º Presidente do Brasil. A grande diferença no “conceito” era o uso de
uma quarta palavra por parte do Advogado e Político Afonso Pena que afirmava
que a vida se exprimia em quatro palavras “Deus, Pátria, Liberdade e Família”.
A defesa destes quatro conceitos era para Afonso Pena o sustento de qualquer
governação de sucesso, pois seria através destes quatro pilares que um Estado
e/ou Nação se ergueriam de forma sustentada e voltada para o futuro.
43 anos após a conquista da suposta “Liberdade”,
surgimos com um problema de conjugação dos quatro pilares de Afonso Pena. Hoje,
temos insistentemente abusado do termo Liberdade para nos defendermos dos
nossos atos, mas dado o uso dos restantes pilares por parte de António de
Oliveira Salazar, a nossa “Democracia” tem-se esforçado para se distanciar
desses mesmos conceitos.
Já vimos anteriormente (parte 1 e parte 2) o escrutínio da ligação da Igreja às questões do Estado (pois se cada um estiver no seu lugar tudo corre bem) e o desrespeito pelo conceito de família na nossa atual sociedade (onde se exige uma maior preocupação do Estado para que se inicie uma maior abrangência entre a vida profissional e a vida pessoal). Mas qual o impacto do conceito Pátria nas nossas ações diárias?
Já vimos anteriormente (parte 1 e parte 2) o escrutínio da ligação da Igreja às questões do Estado (pois se cada um estiver no seu lugar tudo corre bem) e o desrespeito pelo conceito de família na nossa atual sociedade (onde se exige uma maior preocupação do Estado para que se inicie uma maior abrangência entre a vida profissional e a vida pessoal). Mas qual o impacto do conceito Pátria nas nossas ações diárias?
Pátria, no seu conceito simplificado, não é nada
mais do que a “Terra Natal ou Terra Adotiva” de um Homem/Cidadão que nela se
insere, tendo como dever exercer os seus direitos e deveres civis, políticos ou
sociais, de uma forma e método comum e que seja transversal a todos aqueles que
possam partilhar da mesma condição e dos mesmos objetivos, tendo sempre em
vista a defesa dos interesses da sua Terra. Mas sempre que nos esquecemos do
bem comum em prol de benefícios privados não estamos a ser de todo um modelo de
cidadania respeitável e consecutivamente estamos a faltar com os nossos
compromissos. Já anteriormente havia citado Platão, através do artigo Vota!,
referindo que “o preço a pagar pela tua não participação na política é seres
governado por quem é inferior”, e em boa verdade o certo é que durante 43 anos
passámos por várias fases de participação e muito da atual situação de
afastamento é por culpa de quem durante vários anos usou e abusou do dom
palavra e da aceitação dos cidadãos para usufruto próprio.
Ao olhar para a nossa democracia verifico que
esta é pouco mais velha que eu e muito mais nova que muitos daqueles que
acompanham as crónicas que vou escrevendo e como tal não é de todo dona e
senhora da verdade e da certeza, mas é aquela que devemos defender pois de
todos os modelos de governação é a menos má que podemos um dia ter.
Mas qual o impacto como cidadão na defesa e no
progresso da minha terra?
Não existe uma fórmula mágica que me diga o que
devo fazer ou como o fazer. Mas se no fundo, de alguma forma acreditar que o
que tenho para oferecer pode trazer alterações benéficas ao local onde me
insiro, então, tenho o dever de o oferecer ou de lutar por ela, algo que
só é possível com a Democracia.
Na curta história da nossa democracia e da nossa
liberdade de decisão, conseguimos identificar três fases de participação
política, o “Movimento Partidário”, o “Movimento Apartidário” e o “Movimento
Anti partidário”.
A primeira fase, o Movimento Partidário ou
“partidarismo”, é o movimento que mais nos acompanhou desde o pós 25 de Abril
de 1974. Trata-se de um movimento de cidadão diretamente ligados a um partido
político, de cidadãos que seguem uma determinada ideologia ou doutrina política
comum aos ideais do partido que apoiam. Muitos dos apoiantes são “acusados” de
votarem cegamente num partido independentemente do candidato que este
apresente, sem questionar as ideologias, estratégias ou planos de ação.
A segunda fase, o “Movimento Apartidário”, é o
movimento que tem vindo a crescer no seio das eleições autárquicas e que
segundo o Jornal Público já é a quarta força autárquica do país. Este movimento
consiste num movimento social de cidadãos que se dizem apartidários, isto é,
movimentos que deveriam ser distanciados de todas as formas que poderiam
liga-los a qualquer partido.
E a terceira fase, o “Movimento Anti Partidário”
ou “anti partidarismo”, uma fase que menciono como sendo o processo gradual ou
evolutivo dos “movimentos apartidários”. Este movimento resulta do facto de (e
segundo o jornal O Público) grande parte das candidaturas independentes
associadas a “movimentos apartidários” nascerem de conflitos internos dentro de
partidos, como é o caso do candidato à Câmara Municipal de Sintra, Marco
Almeida, (ex-PSD) ou do candidato à Câmara Municipal de Anadia, Litério Marques
(Independente em 2013 e atual candidato pelo PSD para as autárquicas 2017,
movimentos descritos pelo blog «abrilabril» como “grupos de cidadãos eleitores
que despem as cores dos partidos, mudam os slogans em cartaz e humanizam as
propostas”, dando o exemplo de Rui Moreira atual Presidente da Câmara Municipal
do Porto (que só aceitou dar a cara pelo movimento independente depois de saber
que parte do PSD e CDS lhe dariam apoio e que conseguiria dada a sua ligação a
personalidade republicanas e de esquerda abrir portas a um eleitorado
transversal aos partidos). E é aqui, que a terceira fase que referi, o “anti
partidarismo”, começa a aparecer através de um movimento de cidadãos totalmente
independentes, que se juntam sem qualquer apoio sectorial de partidos ou
sem qualquer vínculo aos mesmos.
Mas independentemente de qual seja o modelo de
intervenção política, partidária, apartidária ou anti partidária, o que
realmente importa é que democraticamente vençam aqueles em quem os cidadão
depositam mais credibilidade, confiança e dedicação para resolver os problemas
da nossa terra. E esta liberdade de escolha para a defesa da nossa pátria só
ainda é possível porque temos em nós uma democracia deficitária mas ainda
democrática!
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