Ataque ao Aeroporto do Pico!


O mês de Julho é já o terceiro mês consecutivo em que o aeroporto do Pico vem vindo a diminuir o número de passageiros desembarcados, e desta vez, com uma redução na ordem dos 8%. A realidade dos últimos 4 meses vem assim contrariar o crescimento exponencial que vinha sendo feito até abril deste ano (2017) e onde até então se registava uma taxa de crescimento acumulado na ordem dos 12%.


Apesar do aeroporto do Pico apresentar um decréscimo nos últimos meses, o crescimento atual encontra-se na ordem dos 0,4% (Janeiro a Julho) e torna-se por isso fulcral perceber a crise que se está a instalar no destino Pico de modo a que se consiga atempadamente corrigir essa problemática.





Tal como abordado no estudo anterior (Aeroporto do Pico: Pico recomenda-se), existem sempre condicionalismos que não podemos negligenciar, e um deles é efetivamente a desistência da rota realizada pela TUI sem que tivesse havido até ao momento qualquer intervenção pelas entidades competentes para colmatar essa “baixa”. Por esse motivo, ao anularmos o impacto da TUI no aeroporto do Pico, os resultados passam de um crescimento acumulado de 0,4% para um crescimento acumulado de 2,10% no total do desembarque dos passageiros, o que por si só já é bastante significativo mas que não é suficiente para compreendermos a queda vertiginosa dos resultados.




Em termos de disponibilidades de aviões/voos, é possível também verificar que apesar do número total de voos ter aumentado em 21%, os voos territoriais (Lisboa-Pico) diminuíram cerca de 39%, isto é, menos 8 voos realizados com o Airbus A320 que leva cerca de 165 passageiros. Nas rotas interilhas, é também possível verificarmos um aumento de 33% do número de voos com destino Pico, contudo, e dada a alteração em meados de Março do Dash 400 para o Dash 200, o número de lugares disponíveis ficou mais reduzido em cerca de menos 43 lugares por cada voo alterado.



Esta alteração provocou nos desembarques dos voos interilhas durante os meses de Março, Abril, Maio, Junho e Julho um impacto bastante significativo no número de lugares disponíveis, pois o Dash 200 representa apenas 46% de ocupação do Dash 400.

Em termos gerais, o uso do equipamento Dash 200 passou de um peso de 22% para 34% do número total de voos, e o Dash 400 caiu de 78% para 66%.

Ao analisarmos os valores obtidos através da pesquisa na app SATA Lookup sobre os equipamentos utilizados diariamente para a rota Pico desde 01 de Janeiro até 31 de Julho, podemos afirmar que apenas durante o mês de Janeiro o aeroporto do Pico teve uma variação positiva no número de voos, isto é, que cresceu na utilização dos dois equipamentos atrás descritos. Fevereiro, teve um decréscimo na utilização dos dois equipamentos onde salientamos o aumento do número de cancelamento de voos e a influência do calendário visto o ano 2016 ser ano bissexto. Os meses de Maio e Abril apresentam uma variação positiva do uso dos equipamentos Dash 400 em relação aos Dash 200, e os meses de Junho e Julho uma variação muito acentuada no uso dos equipamentos Dash 200 em substituição dos Dash 400.


Estas variações nos equipamentos utilizados para os voos influenciam diretamente o número de lugares disponíveis. Por isso mesmo, é possível calcular uma oferta com menos 961 lugares durante o período de Janeiro a Julho de 2017 e em comparação com o mesmo período em 2016.



Se somarmos à variação da oferta dos voos interilhas o cancelamento da operação da TUI no aeroporto do Pico por falta de condições de operacionalidade (uma operação que consistia numa rota entre a Holanda e o Pico uma vez por semana com uso do Boeing737-800 de 183 lugares) obtemos uns valores verdadeiramente “assustadores”, chegando mesmo a ter uma diferença de quase 2300 lugares durante o mês de Julho!




Desta forma, podemos verificar que em 2017, o aeroporto do Pico teve desde Janeiro (mês que teve uma variação global positiva) menos 3.889 lugares, o que significa uma redução de 10,31% da oferta face 2016.



Mas, se compararmos a variação do desembarque de passageiros no aeroporto do Pico (linha vermelha) com a variação da oferta de lugares disponibilizados para o destino Pico (linha azul), verificamos uma abismal diferença de realidades.

Os meses de Maio e Julho, por exemplo, são os meses em que o aeroporto do Pico apresenta pior desempenho face a 2016, com menos 415 e menos 827 passageiros desembarcados respetivamente. Contudo, são também os meses em que a oferta foi substancialmente inferior, com menos 609 lugares (Maio) e 2261 lugares (Julho), o que significa que em 2017, o aeroporto do Pico teve sem qualquer “incentivo” adicional, capacidade “própria” para minimizar o impacto das reduções da oferta através do aumento de novos 194 passageiros em Maio e 1434 passageiros em Julho. 

Um resultado alcançado através do único e exclusivamente verdadeiro interesse pelo destino Pico.

Estes condicionalismos “estatísticos” fazem com que o aeroporto do Pico se apresente com variações negativas mesmo antes do começo do período de análise, o que convínhamos, não é todo favorável nem justo para a avaliação dos estudos do impacto do Pico no sector do turismo da Região Autónoma dos Açores.


Mas mesmo assim, o destino Pico vem sobrevivendo a todos os ataques a que tem sido sujeito, demonstrando a sua preferência junto dos passageiros e assumindo-se cada vez mais, como o destino de eleição que só certos açorianos não querem ver.



Nota:
As percentagens apresentadas atualmente no artigo foram alteradas em 17/08/2017 por substituição das percentagens apresentadas em 16/08/2017 dado ter sido detetado um erro no ficheiro estatístico desenvolvido para a elaboração do estudo.

Comentários

  1. Parabéns pela análise, Álvaro!
    É uma excelente "defesa" perante este "ataque" ao Aeroporto do Pico.
    A ilha montanha é um destino de eleição que mantém a tradição do seu povo: vencer todas as adversidades e triunfar quando muitos acham impossível!
    Haja saúde!

    ResponderEliminar
  2. Faço minhas as palavras do Ivo Sousa. Bom trabalho!

    Apenas salientar que a operação da TUI era de 1 voo semanal e não 2.

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário.

      Irei corrigir o artigo com base nessa informação.

      Um abraço

      Eliminar
    2. Artigo e resultados do estudo já atualizados, mais uma vez, obrigado pela colaboração.
      Um abraço

      Eliminar
    3. Pico Desembarques:
      2016
      35 109 Acumulado de Janeiro a Julho de 2016
      2017
      35 247 Acumulado de Janeiro a Julho de 2017
      Como se vê não aumentou 33% mas apenas 138 pax que equivale 0,39%
      Cumptos,
      José Ponte

      Eliminar
    4. Sr. José Fonte,

      agradeço a sua observação ao erro apresentado.

      A situação já se encontra corrigida tendo a mesma sido originada por um erro de cálculo do ficheiro estatístico apresentado.

      O artigo já se encontra devidamente atualizado.

      Obrigado pela sua colaboração.

      Um abraço

      Eliminar

Enviar um comentário