Factos sobre uma Ilha Prodígio!


No momento em que escrevo esta crónica estamos apenas a poucos dias de terminar o ano de 2017. Este é um momento especial, um momento de introspecção, de clareza, mas principalmente de olhar para o futuro com olhos de ver.

A ilha do Pico fecha assim mais um ano de luta, de consolidação do seu estatuto habitual de “ilha do futuro”. Mas, para mim, a ilha do Pico já deixou de ser a ilha do futuro para ser verdadeiramente uma ilha prodígio e estes são os factos que sustentam esta interpretação.

1.º Turismo

Olhar para o sector do turismo é sem dúvida um marco cada vez mais importante. Mas mais importante ainda, é perceber que a sua “progressão” é efetuada de forma sustentável, e neste aspecto, a ilha do Pico tem sabido consolidar a sua posição como ninguém. A ilha do Pico, mesmo com uma redução substancial das condições disponíveis para o seu acesso, conseguiu entre 2016 (janeiro a dezembro) e 2017 (janeiro a outubro) ter uma aumento de 1189 hóspedes! É a terceira ilha com maior variação do número real de hóspedes de toda a região e a primeira em termos de “triângulo”, ficando à frente da ilha de São Jorge que possui uma variação positiva de 323 hóspedes e da ilha do Faial que possui uma variação negativa de 624 hóspedes. Em termos de dormidas, o panorama mantém-se com a ilha do Pico a cimentar a sua posição com um crescimento de 2794 dormidas, face às 1402 da ilha de São Jorge e à variação negativa de 4603 dormidas da ilha do Faial. Importa também referir que, ao nível do triângulo, a ilha do Pico é também a ilha onde os turistas passam em média mais noites, 2,5 noites/turista, enquanto que a média da ilha de São Jorge e do Faial é de 2,2 noites/turista e com a ilha do Faial a apresentar uma redução na sua média face ao ano anterior. A ilha do Pico, é também a segunda ilha do arquipélago onde os turistas mais gastam dinheiro, totalizando uma média de 138,09€/turista, mais 25,55€ que no Faial e mais 32,51€ que em São Jorge. 

2.º Sector empresarial

Quando falamos em tecido empresarial, temos obrigatoriamente que apontar “a seta” em direção ao Pico pois é aqui que se encontra cerca de 50% de todo o tecido empresarial do “triângulo”! No sector das pescas, a ilha do Pico foi responsável por descarregar cerca de 20% do total da Região e cerca de 64% do total do triângulo, e note-se, que muitos pescadores e embarcações da ilha do Pico dado o valor mais elevado (€/kg) preferem descarregar na ilha do Faial. Em termos de lacticínios, a ilha (do triângulo) com maior entrega de leite em fábrica é a ilha de São Jorge  logo seguida da ilha do Faial, ficando a ilha do Pico apenas com uma quota de 15%, contudo, a ilha do Pico é também a única ilha que até ao momento apresenta um aumento da sua produção face a 2016. É na ilha do Pico que se centram as maiores culturas (produções) do triângulo, sendo o Pico responsável por 72% da produção de vinho, 54% da produção de Milho Forragem, 43% da produção da batata e 53% da produção de milho-grão. O Pico é também responsável por cerca de 40% do total da produção de carne IGP dos Açores num total de 317 explorações. Em termos de construções, é na ilha do Pico que se centram cerca de 70% do total de novas construções de todo o triângulo, representando cerca de 16% de toda a região. Foi também na ilha do Pico que foram constituídas 42% das novas empresas de todo o triângulo, o que vem de certo modo “aumentar” o seu desfasamento face às restantes ilhas.

3.º Cultura e Lazer

Apesar de todo o “enredo” estatístico, a ilha do Pico é também por si só um centro importante da cultura. É na ilha do Pico que se encontra o museu mais visitados dos Açores, o Museu dos Baleeiros no Concelho das Lajes do Pico.  A Vila da Madalena foi nomeada “Cidade do Vinho 2017” e o vinho Czar tornou-se “eterno” ao fazer parte de uma pequena elite de vinhos centenários do país! A Montanha do Pico continua sistematicamente a bater recordes na sua subida apresentando crescimentos de tal ordem “astronómicos” que obrigou ao Parque Natural dos Açores a aplicar um limite diário máximo de subidas e de dormidas na maior montanha de Portugal.  Apesar de redigido em termos “Açores”, todos sabemos que a distinção da  “European Best Destinations” como melhor local europeu para ver baleias era dirigido à ilha do Pico. Mas não só de montanha e baleias se desenvolve a ilha do Pico, também as “cavidades vulcânicas” têm feito o vislumbre de quem nos visita, o que não é alheio que este ano tenha sido o ano em que a Gruta das Torres teve o seu visitante 100 mil e no mesmo ano em que as visitas cresceram cerca de 14% face a 2016.

4.º O Aeroporto

Apesar de tudo “ser” contra, o movimento popular da defesa do aumento da pista do aeroporto tem sido capaz de fazer com que o Pico se “sente” à mesa das negociações com propostas plausíveis e coerentes, que são defendidas através de estudos estatísticos que comprovam não só a sua aplicabilidade e a sua necessidade mas também a sua centralidade. É obvio que se tem tratado de um verdadeiro combate de “David e Golias”, mas o importante na sua realização, é o facto da ilha do Pico começar a ter voz ativa na discussão, o que já começa a acontecer! As coisas já não são conversadas de animo leve e muito menos por “teorias bairristas” ou da “conspiração”. Hoje, as as discussões ou as reivindicações feitas pelo Pico e pelas suas gentes já são feitas com elementos plausíveis e com soluções aos problemas apontados, e isso é coisa que já ninguém nos tira!

No fundo, continuarmos a perpetuar a expressão de “ilha do futuro” quando nos dirigimos à ilha do Pico começa a ficar cada vez mais obsoleto e com maior desapreço à sua realidade, é que o Pico já é sinónimo de “presente”. O Pico, é cada vez mais a centralização do triângulo e é cada vez mais a “Ilha Prodígio” do arquipélago açoriano, e isso, é algo que devemos dia-após-dia demonstrar e afirmar com todo o orgulho que podermos sustentar, pois fazer tudo quanto fazemos sem “acessibilidades” é de facto prodigioso! 



É que os números, apesar de serem apenas números, não enganam! 


Comentários

  1. Contra factos não há argumentos!
    Excelente análise! Parabéns!
    Haja saúde!

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  2. Uma excelente retrospetiva do que se passou durante o ano de 2017.

    Espero que 2018 traga boas notícias! E que não baixemos os braços na nossa reivindicação.

    Bom ano,

    Abraço :)

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    1. Obrigado Luís Ferreira,

      2018 é certamente um ano para continuarmos a lutar pelos interesses do Pico.


      Um abraço e bom ano!

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  3. Uma análise verdadeiramente representativa do Pico da atualidade. Parabéns.
    José Costa

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  4. muito bom o seu trabalho,
    um feliz ano novo
    e viva ao PIco

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    1. Muito obrigado pelas suas palavras!

      Se quiser seguir este blog pode fazê-lo na página inicial e através da página de facebook.

      Um bom Ano 2018!

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  5. Parabéns por mais uma excelente análise! Que continue com "voz" ativa em 2018!

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    1. Obrigado Bruno, que 2018 seja um ano de grandes sucessos para o Pico!

      Bom ano 2018!

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