Um dia quem sabe... | Semana dos Baleeiros 2018
A
Semana dos Baleeiros já não seria o que realmente é sem que existissem “casos” a
retirar o protagonismo do evento em si. Todos os anos, festa após festa,
acontece qualquer coisa que não deixa que uma das mais antigas festas açorianas
e que remonta a 1882 possa descansadamente ocorrer sem sobressaltos ou
azáfamas. Se no ano passado foi a questão do canil, este ano, a discussão social
é não só novamente a sua localização como também um “desentendimento” entre o
presidente da MiratecArts, Terry Costa, e o Presidente do Concelho das Lajes do
Pico, o Engº Roberto Silva.
Acontece,
que em 2015, já havia acontecido colocarem a “Tenda Electrónica” no local onde
este ano será novamente colocada, isto é, junto à entrada da maré, uma zona
muito contestado por se tratar não só de uma localização “ligada” a uma ZPE (Zona de Proteção Especial), mas
principalmente, por causa da sua importância e vulnerabilidade ambiental.
Passado
três anos, a tenda volta a ser instalada novamente no mesmo local mas desta
vez, com os pareceres positivos das várias entidades que têm em si o “poder” de
decisão, nomeadamente, a Câmara Municipal das Lajes do Pico e as Secretarias do
Governo Regional que tutelam estas pastas.
Mas
mesmo assim, surgem novamente criticas aos pressupostos impactos ambientais sob
o mote de se tratar “de instalar uma tenda electrónica para
alojar as raves que acompanham (e ajudam a descaracterizar) todas as festas
regionais.” Como é óbvio, um
impacto ambiental é e será sempre um impacto ambiental, quer seja para uma
tenda electrónica ou para montar um palco de danças tradicionais, pois não é o
facto de deixar de ser a “rave” para
passar a ser um folclore que vai “aniquilar” o impacto deixado nos habitats ou
na transformação dos ecossistemas durante a instalação da tenda!
No
fundo, o conceito ou risco ambiental não pode estar subliminarmente ligado ao
evento, mas sim ao facto de estar ou não em risco o local a intervencionar. E
uma coisa é certa, as “raves”, como
assim o definiram, é já uma “obrigatoriedade” de todas as festas populares. É
um estilo que a população mais nova assim gosta de “viver” e que quer continuar
a ter nas festas de concelho ou mesmo de freguesia. Hoje, são outros tempos,
outras mentalidades e outros gostos, e não nos podemos esquecer que nos anos
50’s/60’s o Rock n’ Roll era a música do “diabo”, uma música ligada à droga, ao
álcool, e ao sexo, algo muito igual ao do que hoje acusam a geração das
“raves”, e não foi por isso que os festivais de Rock se deixaram de fazer.
Mas
como é óbvio, não podemos cingir a luta pelas boas práticas ambientais à
“incompreensão” da população “anti-rave”. E eu pelo menos espero, e até mesmo acredito,
que os pareceres emitidos deverão ter sido motivo de estudo e de deliberação
até que a sua aprovação possa ter sido dada, pois não estou a ver ninguém
assinar de cruz só porque sim, e
ainda para mais, quando os Açores tentam sistematicamente “vender” o impacto do
turismo de natureza.
Mas
a realidade é mesmo essa, preso por ter cão e preso por não ter, pois no pouco
tempo em que vivo na ilha do Pico nunca vi uma Semana dos Baleeiros sem uma
qualquer “crise” que fosse. É triste, mas é a verdade! E no fundo, gostava
imenso que pelo menos uma só vez, uma apenas que fosse, o protagonismo fosse da
festa em si e não dos “enredos” que ano após ano vão descredibilizando não só a
festa como o próprio concelho.
No
segundo ponto só posso dizer que até parece mentira, ainda para mais agora, num
momento crucial de “eleição” das 7 maravilhas à mesa, num momento em que o
Concelho das Lajes do Pico é o único (até ao momento) que já foi apurado para a
semifinal e que precisa de todo o apoio a seu favor para defender não só o
concelho, mas a Ilha e os Açores (ainda para mais numa altura em que Ponta
Delgada, Angra e Madalena já foram eliminados), acontece um “mediatismo”
negativista avassalador para o concelho, num episódio de “desentendimento”
entre o seu Presidente e o Presidente da MiratecArts, que culminou com a
emissão e a publicação de uma declaração (datada de 20 de Agosto de 2018) na
sua página de facebook.
E no
final de contas apenas desejo que Nossa Sra. de Lourdes tenha “pachorra” para
tanta crise junta, principalmente, porque as crises teimam em aparecer “sempre”
no inicio das festividades e celebrações em sua Honra!
Haja
paciência!
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