Museus dos Baleeiros: 30 anos de cultura baleeira!




Na passada terça-feira, dia 28 de Agosto de 2018, o Museu dos Baleeiros fez 30 anos. 30 anos de um trabalho incrível de dinamização e propagação da cultura baleeira, da cultura do Pico, da preservação da memória das dificuldades daqueles que saíam para o mar e que contra todas as probabilidades tentavam capturar os “gigantes marinhos” que serviam de ajuda ao sustento da casa.


Hoje, tudo mudou, a atividade que servia de sustentabilidade familiar passou a ser considera atroz, bárbara. Passou a ser uma atividade punida pela ética dos direitos animais mas que para bem da História não pode nem deve ser deixada no esquecimento. Não pode, porque é parte integrante não só da cultura do Concelho das Lajes do Pico, mas de toda a ilha e de todo o arquipélago. Falar da caça à baleia não é como falar de uma qualquer atividade económica, é principalmente falar um modo de vida muitas vezes associada a uma relação platónica entre o baleeiro e a baleia, uma relação de cumplicidade entre o “gigante marinho” e aqueles que arriscavam a vida para poder pôr o pão na mesa daqueles que deles dependiam.

O Museu dos Baleeiros é isso mesmo, é a preservação da memória daqueles que durante anos arriscaram a sua vida, que durante anos desempenharam esta atividade de forma silenciosa, sem voz ativa, e por ser o lugar de destaque daqueles que durante anos saíram para o mar para lutar bravamente com os “gigantes marinhos” ganhando pouco ou quase nada do valor que a baleia realmente rendia. É há memória destes que nasce o museu, e é neste transmitir de sentimentos que torna o Museu dos Baleeiros tão especial e apetecível a quem visita o Pico, é este conjunto de emoções que o Museu dos Baleeiros transmite que faz dele o museu mais visitado os Açores, com mais de 30.000 visitas por ano e onde mais de 90% são visitantes pagantes.

Sentir o Museu dos Baleeiros é sentir o “tremor” e o aperto no peito que muitas mulheres, pais e crianças sentiam ao ver os seus pais, maridos e filhos saírem destemidamente nos botes baleeiros em direção à epopeia que se viveria ao largo da ilha, uma epopeia que de forma rudimentar seria a dura realidade da vida de tantos e tantos homens, uma realidade tão dura quanto a incerteza se voltariam sãos e salvos para os braços que deixaram em terra.

É este romance que torna o Museu dos Baleeiros único! É esta vivência que faz do Museu dos Baleeiros ser algo tão especial e extraordinário, que faz do Museu dos Baleeiros ser um “local” de culto da baleação. Por isso mesmo, celebrar os 30 anos do Museu dos Baleeiros foi como celebrar a memória da história e da cultura popular picoense ou até mesmo lajense, mas acima de tudo, da memória daqueles que durante anos estiveram esquecidos, pois no concelho das Lajes, onde por mais que tentem fazer esquecer se inclui São João, a baleação foi uma realidade! E dada a sua importância social e cultural, esperava ver muitos mais rostos que simplesmente não se dignaram a aparecer, talvez porque esta cultura não interesse no âmbito político, talvez até porque era um sessão solene sem “mediatismo público”, ou até mesmo, porque foi logo a seguir à Semana dos Baleeiros. O que é certo, é que não apareceram e só por isso ficaram muito mais pobres!

Comentários

  1. Álvaro, correcção no título: são mais (!) de 30 anos de cultura baleeira :-)

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    1. Pmaciel, sim são mais de 30 anos de história, mas o título foi uma “analogia” á idade do museu e não aos anos de história da baleação :)
      Mas sim, tens razão na chamada de atenção ;)

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