SATA: Não se trata do desvio, trata-se do respeito!





No passado sábado dia 05 de Janeiro de 2019 realizou-se uma novela associada aos voos SATA, quiçá, até mesmo de enredo idêntico ao das novelas mexicanas dos anos 90’s.

A perceção das dificuldades meteorológicas para que a aterragem no Pico não se efetuasse é compreensível, segundo o piloto da SATA, encontravam-se rajadas de 32 nós e as máximas de segurança para operar seriam de 20 nós, motivo pelo qual o piloto decidiu divergir para São Miguel. Até aqui, todo o processo deve ser “compreendido e aceite”, e por mais que eu goste de aterrar no Pico ou por mais que eu queira defender o aeroporto do Pico, uma coisa é certa, o que eu não quero mesmo “é esbardamar-me” todo num acidente de aviação!

Os passageiros chegaram ao Pico, via Faial é certo e cerca de 14 horas depois de entrarem no aeroporto de Lisboa, tendo por isso mesmo sido obrigados a um total de cerca de 12 horas de viagem, mas a verdade é que chegaram, não todos, porque alguns preferiram ficar em São Miguel pagando às suas custas a estadia e vir no voo do dia seguinte, mas a maioria veio.

 A novela contudo, e a meu ver, não está no resultado final, mas sim no desenvolvimento de todo o processo que a SATA simplesmente não soube lidar ou mesmo gerir, limitando-se apenas a “despejar” os passageiros divergidos no aeroporto João Paulo II (São Miguel) por cerca de duas a três horas sem qualquer informação e sem demonstrarem qualquer preocupação para com os seus passageiros, não tendo aparecido nenhum funcionário da SATA para oferecer sequer um copo de águas às dezenas de crianças que viajavam naquele voo. A primeira informação que foi dada já passava das 18 horas e apenas para informar do “embarque” dos dois voos que se realizariam em horários distintos com destino ao aeroporto da Faial (interessante era perceber que íamos sabendo mais pelas redes sociais do que pela SATA). No primeiro voo, foi dada prioridade às crianças (e seus acompanhantes), pessoas com mobilidade reduzida, e titulares de cartões SATA Silver e Gold, contudo, foi uma prioridade que infelizmente foi uma verdadeira tragédia!

 Ao chegarmos ao Faial, apesar dos problemas das bagagens, foi-nos facultado uma “senha” de alimentação para usarmos no “Barão” (restaurante aconselhado pela SATA) ou em qualquer restaurante da “Ilha” e disponibilizados dois autocarros para nos levar até à gare. Chegando à gare, voltámos a ser novamente “despejados”! O Restaurante “Barão” estava fechado, e toca de mais de 100 pessoas entre as quais crianças e pessoas com mobilidade reduzida (recorde-se os prioritários), terem de ir à aventura para encontrar um sítio para comer, coisa que se tornou praticamente impossível, pois para além de vários restaurantes recusarem os “vales” da SATA por alegadamente dizerem que simplesmente não iriam ser ressarcidos desse dinheiro, já passava das 21:15 e “ninguém no seu prefeito juízo janta a essa hora”… Salvou-nos a Pizzaria Califórnia (a quem deixo aqui o meu especial agradecimento) que conseguiu arranjar alternativa para que todos pudéssemos comer! No meu caso, quatro adultos e duas crianças de 4 e 6 anos, dado o restaurante estar completamente lotado, tivemos que comer na rua, ao frio, e debaixo de um parapeito para não apanharmos a chuvada que veio a seguir. Ficámos a aguardar os passageiros do segundo voo que chegaram perto das 23:10, altura em que nos foi possível embarcar no “Gilberto Mariano” com destino ao Pico! Quem vinha de Ponta Delgada afirmava que a SATA lhes tinha proporcionado um jantar no restaurante do aeroporto e boas condições para a aguardar pelo segundo voo, o que ironicamente me permite afirma que afinal os “prioritários” tornaram-se “despriorizados”.

Chegando à gare marítima da Madalena por volta da 00:00, e sem qualquer espanto, fomos novamente “despejados”, largados cada um à sua sorte, sem transporte ou táxis que nos permitissem chegar ao nosso destino que era o Aeroporto do Pico, local onde tínhamos as nossas viaturas. Safaram-nos familiares de alguns dos passageiros que acabaram por nos dar uma “boleia” até aos nossos carros!

Lamento solenemente todas as contradições nas parcas informações que nos foram sendo dadas, no tratamento quase que discriminatório, no desinteresse que nos foi transmitido dada a nossa situação e no total abandono de crianças e pessoas com mobilidade reduzida em plena cidade da Horta, um cidade “completamente” fechada e deserta em pleno sábado à noite!

No final, chegámos a casa que era o objetivo da SATA, e no meu caso, com uma criança de 6 anos estoirada, cheia de frio e com uma gripe desgraçada, mas isso é problema nosso, tal como nos foi dito pela responsável da SATA à chegada ao Aeroporto da Horta!

Comentários

  1. Magnífica solução Álvaro sem dúvida! O desprezo total pela Sata em relação aos passageiros.

    Então a novela ainda foi pior do que se imaginava.

    O acompanhamentos e as informações nestes casos são péssimas. As informações credíveis são nos dadas pelo sistemas de informação de voos que muitas vezes sabemos primeiro que os próprios funcionários que estão no Aeroporto.

    Para a próxima verifica se o presidente do Governo vai no voo. Pode ser que tenhas estadia e refeição paga e depois te programem um voo no dia seguinte. Tal como fizeram para o presidente do governo, quando o seu voo cancelou no dia anterior (dia 9).

    Não o mandaram para o Faial apanhar avião!

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    1. Boas Luís,

      Tal como te disse a solução provavelmente não foi a melhor, mas continuo a afirmar que gostei de ter chegado a casa são e salvo!

      O problema está isso sim, no desrespeito para com os passageiros...

      Um abraço

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